Wednesday, March 5, 2008

beira - 100 years


MÃOS ASSIM

Há mãos que não precisam de um rosto
Trazem nelas todos os belos sorrisos
Os mais definidos e os mais imprecisos
De um tempo que se vive com gosto

Os dedos são traços de profunda quietude
Daqueles que se estendem em vitórias
Ou nas mais variadas e simples estórias
São de hoje, de amanhã e da juventude

Também transformam a essência pura
Desta vida que assim se transfigura
Em golpes suaves de fino canivete

E vemos então neste moldar do destino
O humano tornar-se quase divino
E a ser perfeitos nos compromete

Soneto de Silviaefe



Quando estiver longe

já nas esquinas dos caminhos de terra
pedir-te-á perdão pelos anos do silêncio e do seu medo
porém em modo de nunca rezará desculpas por cá te deixar
lá longe, disse-nos com o nariz apontado ao céu,
que colocará as mãos pelas costas
para que se lhe exiba o peito que começa a ser são
das talhadas que nele fizeste.
quando do outro lado, que nunca será teu, disse,
gritará como rapina que esperes por sorte maior,
mas que nunca esperes por ela, ouvirás aqui, acredito.
rezou ainda desinteresse que a
propagues fugitiva, que a aclames traidora.
depois das esquinas dos caminhos de terra,
pediu-nos por cima de todas as suas dores que não a vejas sofrida,
pois quando estiver longe,
ainda que descalça,
segredou-nos,
cobrirá a espalda com flores
e em perfume encontrará verdadeiro amor.

Texto de Rui Effe
www.esteeomeucorpo.blogspot.com


2 comments:

Anonymous said...

Maos de historia,maos de sofrimento,maos que temos no mundo,maos iguais as nossas,so apenas seguiram outro caminho!!!
Parabens aos autores que mostram a realidade de outro mundo...
Parabens amiga silvia....

TANIA T.

Anonymous said...

Mas que delicia saborear estas imagens e estas palavras!
Parabens e obrigado aos autores.

Margarida